quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Conferência dos professores Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro




Conferência proferida pelos professores Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras) e Malaca Casteleiro (Academia de Ciências de Lisboa) em passada segunda-feira, 8 de Outubro de 2007, no salão de actos da Faculdade de Filologia (Letras) da Universidade de Santiago de Compostela. Este evento foi o primeiro acto público da Comissão Promotora da Academia Galega da Língua Portuguesa.

Conferência dos professores Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro em Compostela



Conferência proferida pelos professores Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras) e Malaca Casteleiro (Academia de Ciências de Lisboa) no dia 8 de Outubro de 2007, no salão de actos da Faculdade de Filologia (Letras) da Universidade de Santiago de Compostela. Este evento foi o primeiro acto público da Comissão Promotora da Academia Galega da Língua Portuguesa.

























Conferência proferida pelos professores Evanildo Bechara (Academia Brasileira de Letras) e Malaca Casteleiro (Academia de Ciências de Lisboa) no dia 8 de Outubro de 2007, no salão de actos da Faculdade de Filologia (Letras) da Universidade de Santiago de Compostela. Este evento foi o primeiro acto público da Comissão Promotora da Academia Galega da Língua Portuguesa.

TV Brasil - A lingua falada e a lingua escrita



Programa discute a publicação de livro didático do Ministério da Educação

Nos últimos dias, a publicação do livro Por uma vida melhor vem ocupando bom espaço na mídia. Adotado pelo Programa Nacional do Livro, do Ministério da Educação, e distribuído para cerca de 485 mil estudantes jovens e adultos, o livro não condena o uso de erros de português na língua falada.
A professora Heloisa Ramos, uma das autoras, defende uma suposta supremacia da linguagem oral sobre a linguagem escrita, admitindo a troca dos conceitos "certo e errado" por "adequado ou inadequado". Por esse raciocínio, frases com erros de português como "nós pega o peixe" poderiam ser consideradas corretas em certos contextos.
A polêmica mobilizou autoridades e estudiosos sobre o tema. Uma curiosidade sobre a cobertura desta pauta está no desequilíbrio. Enquanto nos jornais do Rio de Janeiro e de outras cidades do país o tema ocupou manchetes, em São Paulo, os dois principais jornais, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo, optaram por não noticiar. O fato só foi registrado nos sites dos dois veículos.
O Observatório da Imprensa da próxima terça (24), às 22h, vai debater tanto o aspecto linguístico, como midiático desta questão. Alberto Dines conversa no estúdio com os gramáticos Deonísio Silva e Sérgio Nogueira, e com o professor Marcos Bagno (UnB). O programa ainda mostra a opinião do escritor Affonso Romano Sant´Anna; do professor e gramático Evanildo Bechara (membro da ABL) e do advogado Sergio Bermudes.
www.tvbrasil.org.br

http://tvbrasil.org.br/novidades/?p=22558

Norma culta e oralidade




Norma culta e oralidade

O programa discute o ensino da norma culta na alfabetização e ressalta a importância de considerar o conhecimento prévio do aluno durante esse processo. O programa ouviu o gramático Evanildo Bechara e a doutora pela UFRJ em educação, Ludmila Thomé.

Fonte:http://www.univesp.tv.br/site/programas/207?content_id­=29&media_id=165 - download 10/10/2011

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

7º Ciclo de Conferências: "A consolidação do acordo ortográfico da língu...




Ciclo de Conferências "Entre a gramática e a linguística"
Conferência: "A consolidação do acordo ortográfico da língua portuguesa"
Apresentação: Acadêmico Domício Proença Filho
Coordenador e Conferencista: Acadêmico Evanildo Bechara
Data: 18/9/2012

Evanildo Bechara - Nossa Língua Portuguesa




Professor Pasquale entrevista o professor, gramático e filólogo brasileiro. Evanildo Bechara no programa Nossa Língua Portuguesa

Vídeo completo no site Domínio Público http://www.dominiopublico.gov.br/

Título: Nossa Língua Portuguesa
Autor: Ministério da Educação
Categoria: TV Escola - Língua Portuguesa
Idioma: Português
País: Brasil

Editado por Joakim Antonio para retirada da chamada e parte final de gramática, que usam alguns segundos de música, como exemplo, cujo os direitos autorais são reivindicados pela gravadora.

Linguista Ataliba T. de Castilho no Programa do Jô




O professora Ataliba T. de Castilho fala sobre seu livro "Nova gramática do português brasileiro" no Programa do Jô.

Para saber mais sobre a obra:
http://editoracontexto.com.br/produtos.asp?cod=476

Ataliba T. de Castilho fala sobre "Nova gramática do português brasileiro"




O prof. Ataliba T. de Castilho fala sobre o livro "Nova gramática do português brasileiro", publicado pela Editora Contexto.

Para saber mais sobre o livro:
editoracontexto.com.br/​produtos.asp?cod=476

Aspectos da difusão lexical

Aspectos da difusão lexical

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 Aspectos da difusão lexical


MARCO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
Universidade Federal de Minas Gerais


Abstract
ln this text we discuss the rôle of the phonetic context in sound changes. Our position is that the phonetic context will act only a posteriori, as a possible stabilizer of innovations, and not a priori, as a trigger of sound changes. This being the case we argue that we can deal with phonetic effects even in a diffusionist approach to sound changes. Finally, we suggest that this approach leads to a considerable reduction of the scope of variation.



l.INTRODUÇÁO

Nas duas últimas décadas surgiram na literatura lingüística vários trabalhos, fundamentados em dados de diversas línguas, que vieram consolidar o modelo da Difusão Lexical (DL). Este modelo, em sua essência, propõe que as mudanças sonoras sejam vistas como sendo lexicalmente graduais e foneticamente abruptas. O modelo da DL se opõe, portanto, ao modelo Neogramático (NO), que concebe as mudanças sonoras como sendo lexicalmente abruptas e foneticamente graduais.

No modelo NO, conforme sabemos, uma mudança sonora é vista como sendo, também, (a) sem exceção e, (b) condicionada unicamente por fatores fonéticos. Os contra-exemplos são sempre tratados como casos de analogia ou de empréstimo.  Assim,...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Anisia Nascimento - educação: CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS ARCAICO

Anisia Nascimento - educação: CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS ARCAICO: Nada Disto É Novo: «CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS ARCAICO : Os traços característicos que diferenciam o português arcaico do português mod...

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CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS ARCAICO



Os traços característicos que diferenciam o português arcaico do português moderno são os seguintes:


FONÉTICA


  • Há grande número de hiatos, devidos à queda de consoante medial sonora, como em aqueecer, beesta, doo, loar, poboo, seer, e com a nasalação da primeira vogal, quando a consoante sincopada e n, como em cẽa, cõelho, lũa, mõesteiro, pẽa, nasalação que posteriormente desapareceu ou fez surgir outro som, como em devĩar, dĩeiro, vĩo, vizĩa, vizĩo (ĩ antes de a e o), que deram devinhar e adivinhar, dinheiro, vinho, vizinha, vizinho.
  • E tónico, seguido de a, o (cãdea, tea, creo, meo), ainda nao se tinha ditongado. Só mais tarde se desenvolveu o i semi-consoante. O mesmo sucedeu com  antes de a, o (avẽa, de avena-chẽo, de plenu-, deram aveia e cheio).
  • Ao contrário do que sucede com as outras línguas românicas, onde se ditongaram, verifica-se em português, já nos mais antigos textos, a persistência do e e do o tónicos latinos: l. ovu-, port. ovo, esp. [cast.] uevo, it. uovo, fr. ant. uef (mod. œuf); l. petra-, port. pedra, esp. piedra, it. pietra, fr. pierre.
  • O o e o a mudos só apareceram na fase moderna da língua (¹). Estes factos e a nasalação das vogais extremas i, u são também características do português que o distinguem das outras línguas românicas.
  • Conserva-se o i final na 1.ª pessoa do singular do pretérito perfeito dos verbos em -er e -ir (pudi, pugi e pusi, soubi, tivi, pidi, sigui, subi).
  • A vogal pretónica, no futuro e no condicional de alguns verbos, como ferir, guarir, morrer, poer, querer, sair, ter, valer, ver, e vir desaparecera, do que resultaram formas como ferrei [por ferirei] e ferria, guarrei e guarria, morrei e morria, porrei e porria, querrei e querria, salrei ou salrrei e salria ou salrria, terrei e terria, valrei ou valrrei e valria ou valrria, verrei e verria, vẽrrei ou verreivẽrria.
  • Terminavam em -om os nomes que hoje terminam em -ão, depois de passarem pela forma em -am (no Canc. Geral, -am rima com -ão). A uniformização das terminações nasais dos nomes que em latim acabavam em -annu, -ane-, -one-, -udine-, no port. arcaico em -ão (dissílabo), o (monossílabo), e, -am, -õi, ie, -om, deu-se do século XIV em diante, acabando por ficarem todas em -ão. Também terminava em -om a terceira pessoa do plural do perfeito, do mais que perfeito e do futuro dos verbos. Mas a terminação -ão encontra-se já no port. arcaico, como em loução (louçano), são (sano), etc..
  • O ditongo eu era aberto em Deus, eu, meu, seu, teu etc., passando a pronunciar-se fechado do século XIV em diante. O o dos comparativos maior, mor, melhor, mẽor, peor (os únicos comparativos latinos do port. arcaico, como do port. moderno), dos adjectivos em -osa (fremosa, embargosa) e de muitas palavras em -or (arredor, derredor, suor) era fechado, mas passou a pronunciar-se aberto na mesma época.
  • ç, sibilante surda, distinguia-se do s, sibilante surda, como ainda sucede em alguns lugares da Beira e das raias minhota e transmontana, onde ç de paço (´paʃu) e nitidamente diferente de s de passo (´pasu).
  • O s intervocálico, fricativa sonora (coser: ku´ʒer, de connsuere, mesa: ´meʒa, de mensa), distinguia-se do z, também fricativa sonora (cozer: ku´zer, de cocere, azedo: ə'zedu, de acetu-).
  • O ch, explosiva surda, pronunciava-se tʃ, como ainda se ouve ao povo em algumas regiões do país (chave: tʃav, cacho: ´katʃu, mocho: ´motʃu, machado: mə'tʃadu) e não ʃ, como actualmente.


MORFOLOGIA


Nomes


Substantivos


  • Eram uniformes os substantivos em -dor, -tor, -or, como pastor, sabedor, senhor (uma ou outra vez ocorre senhora).
  • Ifante ou iffante era uniforme.
  • Os substantivos em -age ou -agem, de origem francesa, eram muitas vezes masculinos, como linguage, linhage; só do século XVI em diante se deu a mudança de género (personagem usa-se modernamente nos dois géneros).
  • Os substantivos terminados em -om ou -on faziam o feminino em a, a, como infançom, infançõa, infançôa, cochon, cochõa e cochôa, varon, varõa e varôa.
  • Muitos substantivos terminados em -z ou -s, como alferez, ourivez, simplez, cos, hoje invariáveis, tinham então plural (alferezes, ourivezes, simplezes ou simprezes, coses), como ainda sucedia no século XVI.

Adjectivos


  • Os adjectivos terminados no singular em -ês e -ol eram uniformes, como português (cortês e montês eram por vezes biformes), espanhol.
  • Os adjectivos terminados no singular em -um, hoje uniformes, eram biformes, como comum, comũa.
  • Os adjectivos terminados no singular em -el, como movel, razoavel, stavel, aparecem com o plural em -is: movis, razoavis, stavis.
  • O comparativo perifrástico formava-se com mais ou chusmeos ou menostam: mais ou chus molemeos paciẽtetam gloriosa.
  • O superlativo absoluto também se formava com gram: disse a gram alta voz.

Numerais


Cardinais

  • Ũnunũaua, unha; doisdous e dos; cinque e cincodezeseis, etc.; quaraenta quorenta; cinquaenta, sessaenta, sesseenta e sassenta, setaenta e satenta, oitaenta e oiteenta, novaenta e noveenta, cento, cem e cen.

Ordinais

  • Sestoseisto, sestimoseistimoseismo sesmoseitimonovẽo, dezimo, dizimopostumeiro, postreiro.

Fraccionários
  • Meidade, meadade, meo, a sesma.

Multiplicativos
  • Um tantodous tanto, quatro tanto, mil tantodous tamanho, dobrocẽ dobro, etc.

Pronomes


  • Ao lado dos pronomes pessoais ele, mim, migotigo, sigo e do reflexo se, ocorrem as formas el, mimego [l. mecum], tegosegoxe ou xi; o pronome complemento indirecto tem a forma lhilhis.
  • As formas mais antigas de teu e seu, provenientes estas da analogia com meu, são tou [l. tuus] e sou. O feminino de meu era mia (mha) e também ma; por vezes ocorre minha, que em próclise deu nha, que se escrevia enha, inha. Os femininos de teu e seu eram tua e sua, que em próclise deram ta e sa.
  • Além dos demonstrativos modernos, existiam também aquesto, aquesse, esto, esso, aquelo, elo [l. illum] e medês. O artigo definido aparece com as formas lo, la, o, a.
  • Cujo e quejando (mais arc. quejendo) eram pronomes interrogativos.
  • São formas dos pronomes indefinidos do português arcaico as seguintes, que não existem no português moderno: al e algorren, atal e atanto, nulho [l. nullus], quis (alguém), senhos, senlhos e sendos (cada um), já quantojá-quê (alguma cousa), que-quer (qualquer cousa), todo (tudo), camanho, quemquer ou quenxiquer (quem quer). Com significação idêntica à do advérbio pronominal francês en, o português arcaico tem o pronome en, ende. Existia também o pronome homem, omem e ome.

Verbos


  • Vários verbos que pertenciam à terceira conjugação latina (tema em u e tema em consoante) e que hoje pertencem à conjugação em -ir, terminavam em -er, como aduzercaer, confonder, finger. A 3.ª pessoa do singular do indicativo dos verbos pesar, poer, sair, soer tinha respectivamente as formas pês, pon, sal, sol. A terminação da 2.ª pessoa do plural dos verbos, excepto a do pretérito perfeito, que é a actual, era -des. Só nos princípios do século XV começou a perder o d (dizees [l. dicitis], fazees), mantendo-se apenas em alguns verbos de infinito monossilábico, para evitar confusão com a 2.ª pessoa do singular, e nos casos em que está precedido de vogal nasal (tendes, vindes). Os verbos da 2.ª conjugação tinham o particípio em -udo: avudo, conhoçudo (conhocer), deteudo, perdudo, recebudo, temudo. Destas formas há ainda vestígios em conteúdo, manteúdo, teúdo e no nome próprio Temudo.
  • Note-se o emprego do pretérito anterior, sobretudo em orações temporais, para se indicar que em certa altura do passado a acção estava consumada: «Pois que Lançarot ouue feito quanto a caualeyro conujnha, disse» etc., pág. 506 (Demanda do Graal).

Advérbios


  • Entre os advérbios arcaicos, indicaremos: adur (apenas, difìcilmente), agĩa, aginha (azinha, sem demora), alhur (alhures, algures), antano (o ano passado), aquende (aquém), atam (tão), chus (mais, do l. plus, cf. o fr. plus), de chã e de gran (certamente, na verdade), desi (depois), du (onde, donde), eire ou eiri (ontem, cf. o fr. hier [l. heri]), em, en, ende (dai, daqui, cf. o fr. en), endõado (de graça, debalde, sem razão), entonce e estonce (então), meos (menos), nego (senão), ogano  [l. hoc anno] (este ano), oi e oie [l. hodie] (hoje), oimais (doravante), toste (logo, depressa), u (onde).
  • Os prefixos separáveis ar ou er e per reforçam a significação do verbo a que se antepõem, ou, para os dois primeiros, têm o sentido de também.

Preposições


  • São preposições arcaicas: antre (entre), ata, atee, ateem, ates (até), depos (depois), des (desde), encas ou en cas de (equivalente ao fr. chez), ergo (excepto, afora), ontre (entre), pera (para), so (sob), tras [l. trans] (além de).

Conjunções


  • São conjunções arcaicas: ca (comparativa, causal e integrante), ergo ([l.] portanto), macar (embora), mais (mas), mais pero, mas pero, empero, pero (mas, porém, embora), mentre e mentres (enquanto, entretanto), vel ([l.] ou).




SINTAXE


  • O pronome lhi ou lhe usava-se, ao mesmo tempo que lhis e lhes, para o caso em que hoje só empregamos esta última forma: Vos lhi tolhestes os ramos en que sijam, / e lhis secastes as fontes en que bevĩa (Nuno Fernandes Torneol).
  • Como sucede em francês com o pronome on, em português arcaico homem, omem e ome serviam de sujeito indeterminado: «de que nunca oysse homem falar», «par nunca lh'ome pod'achar»; e cf. o provérbio «anda homem a trote para ganhar capote».
  • Era normal o emprego do partitivo do, da, dos, das e de: «depois filhem a calda coada e deytem-lhe do mell e do sall e do azeite», Livro de Alveitaria, de Mestre Giraldo; «as mãaos tomarom de pam para dal-lo aa boca», Livro de Esopo; «e da-lhe da solda cada dia»; «lança-lhe da solda por syma d'aquelle sangue», Livro de Falcoaria; «e el pedio-lhe d'agoa, pela aravia», Lenda de Gaia; «comeria de boa mente de hum pee de porco», Cr. da Ordem dos Frades Menores.
  • O adjectivo possessivo geralmente não era precedido de artigo [cf. port. dop Brasil]: «ouuiu sa senhor»; «filhou rey Ramiro sa molher com sas donzellas», Lenda de Gaia.
  • Nos tempos compostos com ter e haver, o particípio passado dos verbos transitivos concordava muitas vezes com o complemento directo, quer este o precedesse ou não: «tẽção que começada tinhão»; «maldade que aqueles mortos avião feita»; «depois que os el-rey teve uencidos»; «tenho vystos e ouuidos muitos enxempros»; «todos avyam feita esta promessa»; «aviã vencidas as batalhas e conquistas e comarcas».
  • Em orações afirmativas, usava-se por vezes o conjuntivo em vez do imperativo: «Digades, filha, mha filha uelida, / por que tardastes na fontana fria», Pero Meogo; «lembre-te que sam molheres», Jorge de Aguiar.
  • Empregava-se o gerúndio em expressões como: sem saindo (sem sair), non cessam chorando (não cessam de chorar).
  • Quando na frase uma palavra de sentido negativo precedia o verbo, não se omitia a negativa: «nenhũu non veio». Nas frases hoje construídas com nem... nem (conj. copulativa), omitia-se a primeira: «Poys minha triste vẽtura, / nẽ meu mal nã faz mudança», D. João de Meneses.
  • Havia grande liberdade na ordenação das palavras na frase a), não são raros o anacoluto b) e a sínese c), e são frequentes os longos períodos com elementos ligados pela copulativa e, d).
    • a) «e as palavras dictas»; «e dictas as palavras»; «aquelles que enganar podem»; «persoas que useyras podem»; «merçee que lhe Deus faz»; «com grande minha perda», Livro de Esopo, apud Leite de Vasconcelos; «E o que me a esto moveo forom sete cousas», Livro de Linhagens; «Os mais dos dias bem cedo era levantado, e, missas ouvidas, era na Rollaçom ataa meo dia, ou acerca, e viinha come», Leal Conselheiro.
    • b) «Ca ssem rrazom pareçe que aquel que he atormentaado dar-lhi homem outro tormento», Lei de 1211; «devemos catar se este que apelou, se he demandador se demandado», Leis e posturas de D. Afonso III; «Disse Moyses, e disse a verdade, que no primeiro começo, que Deus criara os ceeos, e a terra, e todallas outras criaturas, que criara o homem, e, quando o criou que disse:», etc., Livro da Montaria.
    • c) «toda gente te lança de sy, com nojo que de ti ham»; «a enjuria e vergonça nom he d'aquell que a rreçebe», Livro de Esopo; «a prudencia e discreçom quer obrar acabadamente», Leal Conselheiro.
    • d) «E tomando hum coitello saio fora e indo por os campos achou multidom de porcos que paçiam em hum campo e correeo em pos elles e tomou huum d'elles e com o coitello que levava cortou-lhe hum pee e leixou aly o porco deçepado», Cron. da Ordem dos Frades Menores; «Per algus logares do senhorio de Portugal foi, que lhe disserom que havia hi mulheres de buem logo que nõ haviam onde o vestir houuessẽ, que veria a fazer do seu dano, e mandaua esta rainha filhar peças de panos e mandaua chamar alguma boa dona d'aquela uilla de que ella fiaua, e mandaua a ella que partisse aquelles panos por aquellas moças a que visse que compria; e esto fazia ella escondidamente, segundo sabem alguns e alguas de sa casa», Relação da Vida da Gloriosa Santa Isabel (²).

(¹) E. Bourciez, Éléments de Linguistique Romane, § 334, 4.ª ed., Paris, 1946.
(²) Para a elaboração destas noções sumárias sobre a gramática do português arcaico, servimo-nos de: J. J. Nunes, Crestomatia Arcaica, Lisboa, 1953, e Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa, Lisboa, 1919; Leite de Vasconcelos, Lições de Filologia Portuguesa, Lisboa, 1911, e Textos Arcaicos, Lisboa, 1922; D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Glossário do Cancioneiro da Ajuda, nos vols. XXIII e XXIV da Revista Lusitana, Lisboa, 1920 e 1922; Joseph Huber, AltportugiesischesElementarbuch, Heidelberga, 1933; D. Maria da Piedade C. Mariz de Pádua, A Ordem das Palavras no Português Arcaico, Coimbra, 1960; Epifânio Dias, Syntaxe Historica Portuguesa, Lisboa, 1953. »

Retiradas das páginas 1 a 8 e 777 da 2.ª ed., de 1967, pela Coimbra Editora, Limitada, dos Textos Medievais Portugueses, seleccionados e anotados por Corrêa de Oliveira e Saavedra Machado com o fim de servirem para o estudo da literatura portuguesa medieval no 3.º ciclo dos Liceus, nos termos do respectivo programa outorgado pelo Ministério da Educação Nacional de então, e compostos e impressos nas Oficinas Gráficas da Livraria Cruz, em Braga. Pode ler-se numa nota preliminar dos autores que, «na verdade, modernamente, não se concebe o estudo da literatura de um povo sem se considerar como síntese da vida mental da nação, isto é, relacionado com o conhecimento da cultura coeva ambiental. Como expressão e representação, a literatura reflecte sempre a vivência da língua e da cultura em todas as suas manifestações, nos anseios individuais e gregários que se desentranham da vida colectiva de um povo e de uma época.»

Aqui transcriptas para curiosidade dos leitores, e para melhor entendimento dos textos já publicados ou de futuros.


São Nun'Álvares Pereira de Santa Maria, rogai por nós.
 



 

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Cantigas de Amigo - "Ai flores do verde pino!"




Escrita por El Rei D. Dinis (reinado: 1279 - 1325)

Etimologia




A escassez de títulos confiáveis sobre Etimologia é tal que não são poucas as pessoas convictas de que a área pertence à categoria do entretenimento, não do estudo sério da linguagem. Com o intuito de provar o contrário, o professor Mário Eduardo Viaro, da USP, considerado por muitos o mais importante etimólogo brasileiro, convida especialistas, professores, alunos e até curiosos à leitura deste livro. A obra detalha e discute o método etimológico propriamente dito em suas minúcias, com a apresentação de muitos exemplos. Como qualquer modelo científico, a pesquisa etimológica não pretende explicar todas as palavras, mas oferecer os passos para a aplicação de uma boa técnica etimológica (que, evidentemente, passa longe do "chutômetro" utilizado por pseudoespecialistas). As línguas sempre foram motivo de admiração, mesmo quando não havia especialistas que as tratassem como objeto teórico. Ainda hoje há enigmas que envolvem tanto sua origem quanto seu funcionamento e não é raro presenciarmos discussões revisitadas, que perpassam milênios. Esta obra explica as etapas de uma investigação responsável e mostra como a busca pela origem de palavras e expressões exige um estudo sério de linguagem. Livro imperdível, Etimologia já nasce como obra de referência.

SOBRE O LIVRO
 

Lista de títulos sobre morfologia e outros assuntos de interesse.

Lista de títulos sobre morfologia e outros assuntos de interesse.

ALVAR, M. & POTTIER, B. Morfología histórica del español. Madri: Gredos, 1983.

ALVES, I. M. Neologismo: criação lexical. Rio de Janeiro: Ática, 1990.

ALVES, I. M. et al. (Org.). Estudos lexicais em diferentes perspectivas. Vol. I. São Paulo : FFLCH/USP, 2009. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/dlcv/neo/livros/IVCOLOQUIO.pdf

ALVES, I. M. et al. (Org.). Estudos lexicais em diferentes perspectivas. Vol. II. São Paulo : FFLCH/USP, 2010. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/dlcv/neo/livros/EstLexDifPerspvolII.pdf

ARONOFF, M. Word formation in Generative Grammar. Cambridge/ Massachusets: MIT, 1976.

BARBOSA, M. A. Léxico, produção e criatividade. Processos do neologismo. 2 ed. São Paulo: Global, 1990.

BASÍLIO, M. Estruturas lexicais do português. Petrópolis: Vozes, 1980.

__________. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 1987.

__________. Formação de classes de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2006.

__________. O estudo da morfologia no português falado: condições de produtividade e condições de produção. In: CASTILHO, A.T. Gramática do português falado. Vol. III: as abordagens. Campinas: Unicamp, 1993. P. 364 - 372.

BLUTEAU, R. Vocabulário portuguez e latino. Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1728.

BRÉAL, M. Ensaio de semântica. Trad. Eduardo Guimarães. São Paulo: EDUC/Pontes, 1992.

BRUNSWICK, H. (Coord.). Diccionario da antiga linguagem portuguesa. Lisboa: Lusitana s.d..

CÂMARA Jr., J. M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1970.

CASTRO, I. (Org.). Curso de história da língua portuguesa: leituras complementares. Lisboa: Universidade Aberta, 1991.

CAVALIERE, R. Fonologia e morfologia na gramática científica brasileira. Niterói: EDUFF, 2000.

COROMINAS, J. Diccionario crítico etimológico de la lengua castellana. Madri: Gredos, 1954.

COSERIU, E. Formen und Funktionen. Tübigen: Niemeyer, 1987.

__________. Principios de semántica estructural. Madri: Gredos, 1977.

ELSON, B. & PICKETT, V.. Introdução à morfologia e à sintaxe. Tradução de Aryon D. Rodrigues e outros. Petrópolis: Vozes, 1973.

ERNOUT, A. Les adjectifs latins. Colletion Lingistique. LIV. Paris: Société de Linguistique de Paris, 1949.

FARIA, E. Vocabulário latino-português: significação e história das palavras agrupadas por famílias segundo os programas atuais. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1943.

FREITAS, H. R. Princípios de morfologia. Rio de Janeiro: Presença, 1981.

GUILBERT, L. La créativité lexicale. Paris: Larousse, 1975.

HECKLER, E.; BACK, S & MASSING, E. Dicionário morfológico da língua portuguesa. São Leopoldo: Unisinos, 1984, 5v.

_______________________________. Estrutura das palavras: famílias, morfologia análise, origem. São Leopoldo: Unisinos, 1994.

HOLTUS, G. et alli (org.) Lexikon der romanistischen Linguistik. Tübingen: Max Niemeyer, 1983.

HOUAISS, A. & VILLAR, M. (Org.). Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Versão1. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. CD.ROM, v. 1.0.

KEHDI, V. Morfemas do português. São Paulo: Ática, 2001.

LAPA, M. R. Vocabulário galego-português, tirado da edição crítica das cantigas d’escarnho e de mal dizer. Coimbra: Galáxia, 1965.

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http://www.usp.br/gmhp/Bibl.html

GMHP Grupo de Morfologia Histórica do Português

Coordenação: Prof. Dr. Mário Eduardo Viaro

GMHP Grupo de Morfologia Histórica do Português
 Pressupostos  

OGMHP, segundo modelo próprio, investiga palavras e seus componentes sob o ponto de vista diacrônico e morfológico. Parte de um pressuposto aceito por todo o grupo, a saber, o do tríplice significado que ocorre em línguas flexivas como o português. Paralelamente ao significado do radical e o dos demais elementos formativos (sobretudo afixos), há o significado da palavra como um todo (VIARO 2005). Desse modo, o GMHP se preocupa, sobretudo, com o significado dos afixos formativos e de outros morfemas gramaticais (morfemas flexionais, artigos, preposições, conjunções, pronomes). As ciências afins, com as quais dialoga mais frequentemente, sem perder seu foco, são a Semântica Histórica, que se preocupa com o significado da palavra como um todo e a Lexicologia Histórica, que se preocupa com o significado presente no radical. Por outro lado, sob a ótica da forma, o diálogo mais intenso ocorre com a Etimologia. Aspectos da Filologia em geral são particularmente importantes no tratamento dos dados e suas discussões não podem prescindir de estudos de Semântica Geral, de Lexicologia, da Estilística ou de outros estudos de caráter sincrônico da Linguística Geral, sobretudo quando envolve sincronias pretéritas (reconstruções de vocabulários de séculos passados). O problema dos interfixos e das vogais temáticas é também considerado muito importante para evitarmos a solução ad hoc da alomorfia, ainda que se tratem de uma situação fronteiriça entre o morfema pleno (com significado e significante) e o fonema.
Para tal, o GMHP desenvolveu uma metodologia específica, independente do da sintaxe, para a compreensão do fenômeno da polissemia afixal. Suspende-se, em nossas análises, momentaneamente, o conceito saussuriano de langue, à medida que se investigam diversos sistemas à procura de soluções específicas. Esses sistemas podem, portanto, pertencer à mesma língua (atraindo assim problemas de Dialetologia e Sociolinguística), de línguas afins (valendo-se da Filologia ou Linguística Românica) ou de outras línguas envolvidas (quer na difusão do étimo, quer no empréstimo da palavra ou dos morfemas gramaticais, valendo-se da História Geral). Não trabalhando com o português como langue, mas como resultado pancrônico de heranças lexicais, avalia-se, porém, em diversas sincronias, a gênese dos elementos estudados, bem como os sistemas de relações, as heranças e as analogias que explicam a polissemia atual dos formantes em cada momento. Dessa forma, é possível fazer uma revisão bastante considerável nos métodos diacrônicos (principalmente no que toca à reconstrução e seus graus de certeza), suas ferramentas e, com base na Historiografia, o momento adequado de sua implementação.
Com isso, o estudo diacrônico promove indiretamente uma reflexão sobre o método sincrônico, à medida que se questiona, em nosso método, sobretudo, a capacidade do falante nativo de fornecer impressões acertadas acerca de sua língua materna que condigam com a formação da estrutura estudada, bem como do sistema sincrônico atual. Para isso, prescinde-se completamente de regras dedutivas de formação de palavra – quer as tradicionais, quer as RFP – ou quaisquer outras suposições tácitas, como a de que palavras derivadas provenham das simples, cf. caso colação e colar grau, em que a primeira é mais antiga que a segunda: nesse caso 'simples' e 'derivado' é meramente terminológico e não tem referencialidade. Também a competência do falante para decidir questões de gramaticalidade é substituída, sem perda de objetividade, pela interpretação do evento, com base em dados, uma vez que, abandonando a langue, não seria possível que nenhum falante consiga ver o todo e, dessa forma decidir sobre questões de gramaticalidade ou composicionabilidade. Tal postura encontra seus paralelos em outras ciências, como, por exemplo, a taxonomia zoológica. No entanto, o paralelo é inexato, pois a linguística não dispõe, ainda, de um modelo à altura do modelo darwiniano, que transformou a biologia em ciência dedutiva, pulando assim, uma etapa importante para sua cientificidade.
Dessa forma, para obtermos respostas, preferiu-se seguir o trajeto indutivo (com suas raízes em Aristóteles, Bacon e Locke), em vez do dedutivo (com suas raízes em Platão, Descartes e Leibniz), ao mesmo tempo em que se reconhecem os avanços da lingüística cognitiva (com suas raízes nas neurociências, que contradizem Locke), os quais têm revelado importantes fatos na área da Aquisição de Linguagem, explicando, assim, com mais rigor a sincronia atual.
A preferência do GMHP pela sufixação se deve ao fato de ela ser – até agora – pouco compreendida diacronicamente, em comparação com a prefixação, apesar de ser um fenômeno de importância muito maior do que todos os demais recursos morfológicos do português.
Além disso, a derivação por sufixação geralmente se tem mostrado como o processo mais produtivo na formação de palavras do português, quer pela grande quantidade de sufixos existentes na língua portuguesa, quer pela flexibilidade que apresentam na sua distribuição e combinação com os demais sufixos, em parte, pela variedade semântica que adquirem no processo ao longo do tempo. Por outro lado, também o processo de sufixação envolvido na formação lexical é reflexo não só da semântica do sufixo desenvolvida em cada período e/ou em cada região, mas também do desgaste de uso sofrido pela partícula sufixal quando de alta freqüência e/ou produtividade. Daí, o estudo da produtividade dos sufixos, aliado à freqüência de uso e à observação de mudanças semânticas são partes fundamentais de um processo diacrônico. Somente assim, pode-se detectar quais significados do sufixo são mais antigos e formar "árvores genealógicas" dos sufixos, com base na sua semântica e em sua diacronia e o porquê da sua influência na formação de palavras similares.


Credo em Latim - Tradução




Credo in unum Deum,
Patrem omnipoténtem,
Factórem cæli et terræ,
Visibílium ómnium et invisibílium.
Et in unum Dóminum Iesum Christum,
Fílium Dei Unigénitum,
Et ex Patre natum ante ómnia sæcula.
Deum de Deo, lumen de lúmine, Deum verum de Deo vero,
Génitum, non factum, consubstantiálem Patri:
Per quem ómnia facta sunt.
Qui propter nos hómines et propter nostram salútem
Descéndit de cælis.
Et incarnátus est de Spíritu Sancto
Ex María Vírgine, et homo factus est.
Crucifíxus étiam pro nobis sub Póntio Piláto;
Passus, et sepúltus est,
Et resurréxit tértia die, secúndum Scriptúras,
Et ascéndit in cælum, sedet ad déxteram Patris.
Et íterum ventúrus est cum glória,
Iudicáre vivos et mórtuos,
Cuius regni non erit finis.
Et in Spíritum Sanctum, Dóminum et vivificántem:
Qui ex Patre Filióque procédit.
Qui cum Patre et Fílio simul adorátur et conglorificátur:
Qui locútus est per prophétas.
Et unam, sanctam, cathólicam et apostólicam Ecclésiam.
Confíteor unum baptísma in remissiónem peccatorum.
Et expecto resurrectionem mortuorum,
Et vitam ventúri sæculi. Amen.

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos.
Deus de Deus,
Luz da luz,
verdadeiro Deus de verdadeiro Deus,
gerado, não feito,
da mesma substância do Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens,
e para a nossa salvação,
desceu dos céus:
Se encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou dos mortos ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
E subiu aos céus,
onde está assentado à direita de Deus Pai.
Donde há de vir, em glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o Seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor e fonte de vida,
que procede do Pai (e do Filho);
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele falou pelos profetas.
Creio na Igreja
Una, Santa, Católica e Apostólica.
Confesso um só batismo para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo vindouro.
Amém.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A Formação de Palavras na Gramática Histórica da Língua Portuguesa de Manuel SaidAli



A Formação de Palavras na Gramática Histórica da Língua Portuguesa de Manuel SaidAli



Maria do Céu Caetano
(Universidade Nova de Lisboa)

Introdução
A minha participação tem como objetivos discutir o conceito de gramática histórica, evidenciar a relação entre a estrutura da Gramática Histórica de Said Ali ([1931] 19643) e os princípios teóricos defendidos pelo autor, dando especial ênfase à área da Formação de Palavras e, dentro desta, às descrições dos sufixos e da estrutura interna das palavras complexas sufixadas.

Num trabalho mais vasto apresentado em 2003 (cf. Ref. Bibliog.), explico detalhadamente os critérios de delimitação do corpus das Gramáticas Históricas do Português (GHP), que me serviu de análise, pelo que, antes de passar às questões colocadas pela própria definição de "gramática histórica", referirei brevemente como foi constituído esse corpus.

Desse corpus fazem parte as GHP em que é tratada a formação de palavras (cf. Anexo 1), tratando-se de um corpus à partida seletivo e delimitado cronológica e quantitativamente. A delimitação cronológica prende-se com o período de publicação das gramáticas históricas, o qual se situa entre os fins do século XIX e a primeira metade do século XX, mais concretamente, entre 1876 (cf. Grammatica Portugueza Elementar, Teophilo Braga) e 1946 (cf. Lições de Filologia Portuguesa, Carolina Michaëlis Vasconcellos), à exceção de História e Estrutura da Língua Portuguesa, de Joaquim Mattoso Câmara Jr., publicada em 1975.

Os princípios que autorizaram a inclusão das obras no corpus não se ficaram a dever à designação que ostentam, a qual, por si só, não é elucidativa da natureza das mesmas. No trabalho atrás referido demonstrei que as chamadas gramáticas históricas 'didáticas' são, também elas, uma fonte preciosa no que toca a dados e a descrições conducentes ao estudo da morfologia derivacional numa perspectiva diacrônica.

Conceito de Gramática Histórica

No artigo "A Tentative Typology of Romance Historical Grammars", Malkiel ([1960] 1968) discorre longa e profundamente sobre as gramáticas históricas românicas mais marcantes: define o conceito e apresenta os vários tipos de gramática histórica, a sua estrutura e conteúdo, a apresentação, as relações com outros domínios lingüísticos, etc. Embora ressalvando que a definição fornecida é uma das possíveis, Malkiel ([1960] 1968: 72-73) afirma que gramática histórica é "uma organização formal de dados estritamente lingüísticos que dizem respeito mais à estrutura do que ao léxico e que são interpretados numa perspectiva diacrônica; ou seja, pressupõe-se pelo menos a existência de dois conjuntos de formas paralelas separadas por um período de tempo suficientemente extenso (...). Toda a gramática histórica é, por definição, comparativa e a comparação requerida consiste numa confrontação ponto por ponto de dois estádios sucessivos razoavelmente distantes da mesma língua". Foi, pois, este o conceito de gramática histórica que retive, por se tratar de uma definição que precisa vários aspectos: a análise diacrônica incide sobre dados estritamente lingüísticos, excluindo a descrição de fatos históricos, mesmo que eles tenham exercido influências a nível da língua (por exemplo, a introdução no léxico de certos vocábulos ou expressões, resultantes de contacto); a descrição dos dados deve estar criteriosamente organizada, obedecendo, portanto, a uma estrutura bem definida, o que leva à exclusão de muitos estudos diacrônicos (monografias, lições, antologias, edições críticas, volumes de homenagens, por exemplo), os quais não se inserem dentro da categoria de gramática histórica devido à sua "inerente dispersão e seletividade", casos em que os aspectos formais estão submetidos ao léxico e não o inverso; a gramática histórica é sempre comparativa, ao passo que uma gramática comparativa pode ou não ser histórica, e essa comparação é feita de forma sistemática entre dois estádios, razoavelmente distantes, de uma mesma língua. Na grande maioria das gramáticas históricas das línguas românicas, embora não sendo uma condição estritamente necessária, a comparação consiste na confrontação entre o Latim e o estado atual de uma língua e pode seguir duas direções: prospectiva, quando o ponto de partida é o mais antigo de dois estádios de língua ou o mais antigo das várias fases consecutivas que se estão a comparar, e retrospectiva, se a análise de uma língua românica moderna for pontuada com a invocação dos antecedentes latinos ou medievais.

A amplitude e a dimensão temporal das gramáticas históricas estão inter-relacionadas e determinam, em parte, quer a estrutura das mesmas, quer o método seguido. Não é o número de disciplinas contempladas por cada um dos autores que, só por si, serve de indicador da maior ou menor relevância de uma gramática histórica, mas antes o tipo de análise (ampla e profunda) que é efetuado.

É objetivo comum aos vários gramáticos históricos considerados a descrição da evolução da língua portuguesa, desde a origem até ao período que se pretende estudar, ou seja, em todas as obras em análise, assiste-se a uma extrapolação do passado para o presente, sendo o latim o ponto de partida e o português da época contemporânea o ponto de chegada. Daí que, como seria de esperar, os vários autores elejam o método (histórico‑)comparativo, quer para estabelecer a comparação entre estádios diferentes do português, quer se trate de comparar o português com outras línguas românicas. Mas o fato de a diacronia ser sempre privilegiada, tendo em conta o seu poder explicativo, não significa que se despreze a sincronia (ou as várias sincronias), pois, por vezes, é a descrição da língua contemporânea que se assume como objetivo central e, nestes casos, a extrapolação é feita do presente para o passado, se bem que o presente seja sempre tido como o resultado da evolução verificada ao longo dos tempos.

No "Prólogo da Gramática Histórica", Manuel Said Ali ([1931] 19643: 11) declara que se tratava de "uma gramática histórica que, sem desprezar a evolução do latim para o português, estudava particularmente as alterações do idioma nas diversas fases do português histórico, isto é, no largo período decorrido desde o tempo que se conhece o português como língua formada e usada em documentos". No "Prólogo da Lexeologia do Português Histórico"[1], o gramático afirma que encontrou a solução de certos problemas recorrendo diretamente às fontes, tendo averiguado que "certas teses sabidas em parte se confirmavam, em parte porém se tornavam insustentáveis. Além disso, o estudo comparado do ponto de vista evolutivo veio revelando, com grande surpresa minha, fatos lingüísticos cuja existência a princípio nem suspeitava. (...) Adotado semelhante método de pesquisa, adquiriu o livro certo aspecto de lexeologia semântica, ou, se preferirem, de semântica lexeológica, destoando assim de vetusto sistema de classificação", advertindo que "deixará de ser histórico o estudo de vocábulos que desprezar as alterações semânticas" (ALI [1931] 19643: 7). Assim, Said Ali considera que é mais importante o confronto do português da época com o português arcaico e não a comparação com o latim, posição que contribui para uma diferenciação relativamente aos gramáticos seus contemporâneos e que irá determinar a organização e o conteúdo da sua obra.



Estrutura da Gramática Histórica de Said Ali

Antes de descrever a estrutura da Gramática Histórica de Said Ali e, por inerência, das restantes GHP, relembro que a Fonética, a Fonologia e a Morfologia Flexional têm, de longe, uma maior representatividade nessas obras, enquanto a Formação de Palavras, a Sintaxe e a Semântica se vêem relegadas, freqüentemente, para um plano secundário. Todavia, isso não significa que, por um lado, estas três últimas áreas não forneçam dados e análises relevantes e, por outro, que os aspectos tratados e as abordagens empreendidas nas três primeiras áreas sejam uniformes.

Uma vez que o objetivo principal deste ponto é analisar o enquadramento da Formação de Palavras na Gramática Histórica de Said Ali, darei especial ênfase à secção, capítulo ou ponto e respectivas designações em que está inserida essa área, bem como às partes em que a mesma se subdivide.

Alguns gramáticos consideram que a Formação de Palavras deve ser estudada dentro da Morfologia (Teófilo Braga (1876), Manuel P. Silva Jr. e Lameira de Andrade ([1887] 19134), António G. Ribeiro Vasconcellos (1900), José J. Nunes ([1919] 19899), Brandt Horta ([1930?] s.d.3), Jaime S. Martins ([s.d.] 19372), Francisco J. Martins Sequeira ([1938a] 19593) e Francisco J. Martins Sequeira (1938b)), enquanto outros a estudam dentro do Léxico (Eduardo C. Pereira ([1916] 19359), Ismael Coutinho (1938) e Mattoso Câmara Jr. (1975)) e outros, ainda, lhe conferem um tratamento independente (Carl von Reinhardstoettner (1878), J. Leite Vasconcellos ([1911] 19593), Othoniel Mota ([1916] 19378), Manuel Said Ali ([1931] 19643), Joseph Huber ([1933] 1986) e Carolina Michaëlis de Vasconcellos ([1946] s.d.)). Os primeiros interessam-se sobretudo pelas alterações semânticas, resultantes da junção de prefixos e sufixos ou desinências, como muitas vezes são chamados; para os segundos, o mais importante é demonstrar que o alargamento do léxico se faz através da prefixação, sufixação e composição, entre outros processos; o objetivo dos terceiros consiste em descrever e explicar os processos de prefixação, sufixação e composição em si mesmos e não somente o seu resultado, isto é, o fato de contribuírem para o enriquecimento lexical. Para que se possa avaliar melhor a representação das várias Áreas Disciplinares consignadas nas Gramáticas Históricas do Português e a importância atribuída à Formação de Palavras, observe-se o Anexo 2[2]. Independentemente do seu grau de autonomia e do maior ou menor desenvolvimento que lhe é dedicado, aquilo que se pode deduzir é que a Formação de Palavras ocupa, na realidade, um lugar bastante central, sendo estudada em todas as gramáticas em análise.

Nestas gramáticas nem sempre há uma ligação estreita entre a terminologia utilizada pelos vários autores e a estrutura dessas obras. Por exemplo, o título História e Estrutura da Língua Portuguesa, de Mattoso Câmara Jr. (1975) denuncia a forte influência estruturalista, mas esta é uma gramática que, em muitos aspectos, segue o modelo instituído pelos neogramáticos, enquanto a gramática de Manuel Said Ali ([1931] 19643), embora tendo sido escrita durante a vigência do modelo neogramático, se distingue pelas suas inovações a nível teórico, metodológico e terminológico, sendo, por isso, das gramáticas que constituem o corpus aquela que mais se diferencia das outras. Deste modo, facilmente se concorda com Martins (1995: 63), quando a mesma declara que, apesar de "realizada em plena época neogramática, a gramática histórica de Said Ali destaca-se por não se enquadrar em tal modelo", o que faz com que, alicerçando-se em Malkiel (1960), a apelide de "modernista".

A primeira edição da Gramática Histórica da Língua Portuguesa de Manuel Said Ali ([1931] 19643) fez-se, como é sabido, em dois volumes e em datas diferentes: A Lexeologia do Português Histórico, dividida em "Os sons e sua representação" e "Os vocábulos" surgiu em 1921, A Formação de Palavras e Sintaxe do Português Histórico, constituída por "Formação de Palavras", "Sintaxe" e "Apêndices", foi publicada em 1923. Numa segunda edição, estas duas obras foram reunidas no volume intitulado Gramática Histórica, com data de 1931. Esta gramática apresenta, então, uma estrutura dupla. Sob a "1ª Parte – Estudo dos sons e Lexeologia", o autor descreve vários aspectos fonético-fonológicos e flexionais, optando por estudar os diminutivos e aumentativos quando se refere ao grau dos substantivos (cf. o subponto "Nomes" (p. 54-75), em "Os vocábulos: espécies, formas e significação" (p. 53)). Na "2ª Parte – Formação de palavras e Sintaxe do Português Histórico", o autor começa por tratar a "Derivação em geral" (p. 229), a qual se subdivide em "Derivação sufixal" (p. 232-248), "Derivação prefixal" (p. 249-253), "Derivação parassintética" (p. 254-255) e "Derivação regressiva" (p. 256-257). Seguidamente é estudada a "Composição" (p. 258-264), que, conjuntamente com a "Derivação", constitui a área da "Formação de Palavras". Com quase cem páginas, a Sintaxe (p. 265-361) ocupa a parte final da obra de Ali ([1931] 19643), a que se seguem ainda três Índices.

Cabe aqui realçar dois aspectos muito importantes, quer em termos da estrutura da obra, quer relativamente aos princípios teóricos: em primeiro lugar, o autor, tal como C. Reinhardstoettner (1878), M. P. da Silva Jr. e L. de Andrade ([1887] 19134), O. Mota ([1916] 19378) e J. J. Nunes ([1919] 19899) antes e Joseph Huber ([1933] 1986) e I. Coutinho (1938) depois de si, designa por Formação de Palavras a área que estuda a derivação e a composição, mas a descrição exaustiva da estrutura interna das palavras complexas, dos elementos afixais e dos mecanismos de formação de palavras não encontra paralelo nos outros trabalhos que fazem parte do corpus. Por outro lado, não inclui a prefixação dentro da composição mas sim na derivação própria, justificando essa não inclusão por achar que os prefixos, tal como os sufixos, são "elementos formativos" sem autonomia (cf. Ali [1931] 19643: 229) , especificando que o sufixo "procede também de expressão que a princípio se usou como palavra independente".



O estudo da Sufixação
na Gramática Histórica de Said Ali

Todos os gramáticos estudados apontam a derivação e a composição como os processos que mais contribuem para o enriquecimento e desenvolvimento do léxico, independentemente do objetivo que os move, i.e., quer se centrem na procura das formas primitivas a partir das quais se desenvolveram as formas atuais, quer pretendam descrever as formas arcaicas remanescentes, sendo usuais as oposições de "vivo"/"morto" e "atual"/"arcaico", quando se trata de assinalar a vitalidade ou produtividade de determinados afixos e a disponibilidade de alguns processos, relativamente a outros que deixaram de dar origem a palavras morfologicamente complexas.

A sufixação é tida, em muitos casos, como sinônimo de derivação própria e a "fecundidade" deste processo antevê-se nas largas descrições e análises efetuadas nas obras que fazem parte do corpus. Com efeito, para além da questões da produtividade ou improdutividade de determinados sufixos e das alomorfias que os mesmos sofrem e desencadeiam (aspectos que também são considerados por alguns gramáticos a propósito da prefixação), o fato de uma grande parte dos sufixos desencadear alterações categoriais e as idiossincrasias associadas a certos derivados contribuem para uma maior complexidade desta área.

Para além de rejeitar a inclusão da prefixação na composição, Said Ali rejeita igualmente o fato de alguns gramáticos considerarem que o estudo da derivação imprópria faz parte da derivação, pois, segundo afirma, "a mudança de sentido e de função que sofrem as palavras, examina‑se em outras partes da gramática, e, a dedicar‑se uma parte especial a tão interessante assunto, deverá denominar‑se semântica e não derivação" (ALI [1931] 19643: 230-231).

O gramático chama oportunamente a atenção para a dificuldade, por vezes, existente em estabelecer uma relação transparente entre a palavra derivada e a palavra primitiva, sobretudo quando, decorrente da "evolução de forma e sentido, (...) surge um curioso conflito entre o sentimento geral do vulgo e o fato encarado à luz da pesquisa científica" (ALI [1931] 19643: 231), dando como exemplos esquecer e receber. Apesar de ambos serem tidos como verbos primitivos que estiveram na base de outros derivados (ex.: esquecimento), o primeiro é "alteração de escaecer e palavra derivada, em última análise, de caer, forma antiga de cair (...) [o segundo,] para quem fala e pensa em português, é outro verbo primitivo; se lhe lembrarem que re– é elemento formativo, objetará que não existe nenhum verbo ceber. O lingüista analisa de outro modo e, deixando o português, remonta ao latim para decompor o dito verbo em re + cipere < re + capere" (ALI [1931] 19643: 231). Mas o método de ascender às mais remotas origens apresenta, segundo Ali ([1931] 19643: 231), alguns problemas, uma vez que "o sentimento de linguagem é fator essencial, sem o qual as formas e creação de palavras perderiam sua significação. E muito de levar em conta é esse sentimento se, diversificado da língua‑mãe, aparece desde a constituição do novo idioma e assim se conserva até os nossos dias". Ali ([1931] 19643) reclama, deste modo, que, quando formas como esquecer e receber, sincronicamente, já não são decomponíveis, devem ser consideradas palavras simples, embora se deva indicar que, numa fase mais antiga, eram derivadas.

Na "Derivação Sufixal", o autor procede a um levantamento e descrição de grande fôlego dos sufixos formadores de "Substantivo e Adjetivo" e de "Verbos": fornece as indicações etimológicas de sufixos e de alguns derivados, estuda as diferentes significações que os sufixos transmitem às bases, aponta os casos em que se verificam alomorfias e dá variadíssimos exemplos, remetendo para as fontes de onde foram retirados.

A partir da descrição da derivação sufixal levada a cabo por Ali ([1931] 19643) e pelos restantes gramáticos históricos pode, assim, observar-se que:

1. em certos casos, não fica claro se o principal critério para o reconhecimento de um sufixo derivacional é de ordem formal ou semântica, embora pareça ser o primeiro aquele que é escolhido, dado que, muitas vezes, o sufixo é tido como uma seqüência que ocorre em mais do que um vocábulo, mesmo que o conteúdo semântico dessa seqüência seja dificilmente assinalável (cf. a definição de sufixo em Braga (1876: 32) e Pereira ([1916] 19359: 202) e a definição de derivação em Câmara Jr. (1975: 213)). Daí a confusão que, por vezes, existe entre sufixo e "terminação", i.e., seqüência de fonemas que ocorre em dois ou vários vocábulos (por exemplo, –ego, em borrego e labrego, não é sufixo do português, dado que estas formas foram tomadas de empréstimo ao castelhano);

2. embora se considere que o sistema sufixal, tal como outros sistemas lingüísticos, se caracteriza pelas suas mutações (certos sufixos desapareceram enquanto outros foram surgindo; os modos de emprego alteraram-se e condicionaram-se mutuamente; as relações entre sufixos tanto são de oposição como de paralelismo com outros sufixos) e se bem que, como já referi, exista quase sempre a preocupação de definir "sufixos vivos e sufixos mortos", não há uma delimitação evidente entre, por um lado, os derivados formados com sufixos disponíveis em português e os vocábulos herdados e, por outro, entre sufixos que se usavam em latim e grego e que passaram para o português mantendo a sua vitalidade e os que não foram adotados[3], como por exemplo –escer, já que os verbos do tipo de florescer e remaescer não foram formados em português, sendo todos eles formas latinas;

3. a principal função que se atribui ao sufixo é a de alterar freqüentemente a categoria gramatical da palavra a que se junta, ou seja, contrariamente ao prefixo, que não interfere na categoria da palavra que é prefixada, o sufixo é por excelência um categorizador. Contudo, também se salienta a modificação do "valor" da palavra "primitiva", sobretudo no caso dos aumentativos e diminutivos, os quais, apesar de não desencadearem alterações categoriais, exprimem a grandeza ou a diminuição e têm uma conotação afetiva ou pejorativa. Embora os gramáticos históricos não o explicitem, poderíamos encontrar ainda uma terceira função dos sufixos, i.e., a de remeterem para um determinado campo lexical, como é por exemplo o caso de –ite, do grego, o qual é sobretudo usado na medicina para designar 'inflamação';

4. são normalmente duas as condições apontadas para a disponibilidade de determinado sufixo: que exista uma relação transparente entre o sufixo e a base ou, como diz José J. Nunes ([1919] 19899: 362), que sufixo e base sejam perfeitamente isoláveis, apresentando ambos "idéias bem claras, bem nítidas e distintas", e que o sufixo tenha capacidade para formar novos derivados; inversamente, quando tal deixa de acontecer, o sufixo perde produtividade. No entanto, as possibilidades de combinação dos sufixos com as bases são unicamente afloradas e raramente são dadas indicações acerca da maior ou menor independência das bases. No caso das restrições impostas pelos sufixos às bases, os gramáticos raramente lhes fazem referência: Manuel P. da Silva Jr. e Lameira Andrade ([1887] 19134: 336) são os poucos gramáticos que assinalam explicitamente que "alguns suffixos suppõem certas categorias de palavras", como é o caso do sufixo –mento, que se solda unicamente a bases verbais);

5. o conceito de analogia, um dos mais caros aos neogramáticos, embora nem sempre seja definido, é amplamente utilizado pelos gramáticos históricos ao longo do estudo da derivação sufixal. Quase todos realçam o papel da analogia na mudança lingüística, neste caso ao nível da morfologia derivacional, e, implicitamente, o seu contributo, como bem expressa Molino (1985: 37), para que a morfologia e o léxico constituam "o domínio onde interagem (...) o sistema e a história".

6. alguns exemplos tidos como derivados do português são, como já mencionei, formas eruditas, enquanto outros são empréstimos de outras línguas, sobretudo do castelhano e do francês. Neste último caso, trata-se de empréstimos lexicais e não sufixais, mas esta distinção quase nunca é efetuada nas gramáticas em análise: Mattoso Câmara Jr. (1975: 218) é o único que salienta expressamente este aspecto, quando declara que "a produtividade de um sufixo, que lhe dá individualidade na gramática da língua portuguesa, decorre do seu destaque de palavras derivadas que vieram tais do latim ou, por empréstimo, de outra língua".

Como conseqüência dos aspectos anteriormente assinalados (especialmente nos pontos 1 e 2), não há, nas gramáticas históricas do português unanimidade quanto ao número de sufixos e, muito menos, quanto às variantes de determinados sufixos.



Conclusões

Apesar de as gramáticas históricas do português serem por vezes criticadas pela falta de sistematicidade na inventariação e classificação dos dados que apresentam e pela falta de definição clara dos critérios seguidos nas análises efetuadas, gostaria de concluir esta intervenção com uma apreciação positiva dessas obras, em particular da Gramática Histórica de Said Ali ([1931] 19643), cujas descrições e reflexões fazem ainda hoje parte dos debates acerca da formação de palavras, como sejam:

– a distinção entre flexão e derivação e entre derivação e composição;

– a noção de alternância entre sufixos "eruditos" e "populares" – os conceitos de produtivo e improdutivo.

A fronteira que hoje estabelecemos entre derivação e composição, baseando-nos essencialmente no fato de a primeira operar com afixos, nem sempre é clara e nalgumas gramáticas históricas é ainda menos nítida, considerando-se, por vezes, que o termo "derivadas abrange tanto as palavras obtidas por derivação como as obtidas por composição, como as obtidas simultaneamente por derivação e composição" (Sequeira, 1938b: 92)[4]. Mas, apesar de não haver concordância quanto aos limites da derivação e da composição, todos os gramáticos são unânimes em afirmar que a derivação e a composição são processos regulares de formação de palavras e aqueles que mais contribuem para o enriquecimento do léxico, merecendo, por essa mesma razão, um tratamento mais desenvolvido do que outro tipo de criações lexicais.

Enquanto outros autores tentam explicar as "irregularidades" e "alomorfias" que se manifestam a nível sincrônico, os gramáticos históricos consideram que o sistema sufixal, tal como outros sistemas lingüísticos, se caracteriza pelas suas mutações, sendo resultante de etapas anteriores e que o português (assim como as outras línguas românicas) herdou do latim não somente palavras, mas também mecanismos de criação de palavras. Como a noção de relação derivativa que hoje amplamente empregamos não é em tudo coincidente com a dos gramáticos históricos, percebe-se porque é que para estes alguns sufixos "eruditos" (assim chamados por seguirem de perto a forma latina) possuem contrapartes "populares", enquanto para nós o fato de determinados elementos ocuparem uma posição sufixal não significa que eles façam parte do sistema derivacional do português.

Se para alguns morfólogos, como por exemplo Baayen (1992 e 1993), as propriedades das regras para gerarem novas palavras estão relacionadas com a norma[5], para outros (cf., por exemplo, Bauer (2001)), a produtividade faz parte da competência, é uma propriedade estrutural, pertencendo, por isso, à gramática. Deste modo, enquanto uns se baseiam numa noção quantitativa de produtividade, outros privilegiam uma noção qualitativa. Por outro lado, não se deve confundir improdutividade e irregularidade: os processos que hoje já não são produtivos, foram-no outrora, mas tal não autoriza a que os consideremos como não regulares.

Termino, pois, acentuando que, tal como antevisto por Ali ([1931] 19643), os recursos derivacionais de que dispomos são previsíveis e regulares, tanto do ponto de vista formal como semântico. O sistema sufixal do português não se caracteriza nem pelo seu caráter anárquico, nem por obedecer em todos os casos ao princípio de economia (cf. Mitterand, 19867: 47): assim como não podemos empregar indiferentemente uma dezena de sufixos que denotem o mesmo valor, a um determinado valor não corresponde sempre uma só forma.




Referências Bibliográficas

BAAYEN, Harald. "Quantitative Aspects of Morphological productivity". In: BOOIJ, Geert e Jaap van MARLE (eds.) Yearbook of Morphology 1991, Dordrecht, The Netherlands, Kluwer Academic Publishers, 1992, p. 109-149.

BAAYEN, Harald. "Discussion on frequency, transparency and productivity". In: BOOIJ, Geert e Jaap van MARLE (eds.) Yearbook of Morphology 1992, Dordrecht: The Netherlands, Kluwer Academic Publishers, 1993, p. 181-208.

BAUER, Laurie. Morphological Productivity, Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

CAETANO, Maria do Céu. A Formação de Palavras em Gramáticas Históricas do Português. Análise de algumas correlações sufixais, dissertação de Doutoramento apresentada à Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2003.

MALKIEL, Yakov. "A Tentative Typology of Romance Historical Grammars". In: Essays in Linguistic Themes, Oxford, Blackwell, 1960, p. 71-164 (também em Lingua IX-4, 1968)

MARTINS, Ana Maria. "Gramáticas Históricas do Português" In: DUARTE, Inês e Maria MIGUEL (eds.) Actas da Associação Portuguesa de Linguística (Lisboa, 1995). Lisboa: Colibri, 1996, vol. III, p. 53-71.

MITTERAND, Henri. Les Mots Français, Paris: PUF, 19867.(Que sais-je?, nº 270).

MOLINO, Jean. "Où en est la morphologie?", Langages 78, 1985, p. 5-40.







 



[1] 1ª ed. 1921, reproduzido na Gramática Histórica.

[2] Excluí a gramática de Silva Jr. (1878), dada a sua estrutura peculiar.

[3] Carl von Reinhardstoettner (1878), José J. Nunes [1919] 19899) e Carolina Michaëlis de Vasconcellos ([1946] s/d.) constituem excepções a esta generalização, visto que são dos poucos que procedem a essa separação de uma forma clara.

[4] Quando Sequeira (1938b: 92) alude às formas "obtidas simultaneamente por derivação e composição" está a referir-se às formações que designamos por parassintéticos.

[5] Os trabalhos do autor baseiam-se em corpora. Neles, a produtividade e a freqüência estão intimamente relacionados e defende-se que a análise das freqüências contribui para uma melhor compreensão do fenômeno da produtividade.



Anexo 1
Gramáticas históricas do português
em que é estudada a formação de palavras

Ali, Manuel Said. Gramática Histórica da Língua Portuguesa, São Paulo, Edições Melhoramentos, [1931] 19643.

Braga, Teophilo. Grammatica Portugueza Elementar (Fundada sobre o methodo historico-comparativo). Porto: Livraria Portugueza e Estrangeira, 1876.

Câmara Jr., Joaquim Mattoso. História e Estrutura da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro: Padrão, 1975.

Coutinho, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1938.

Horta, Brandt. Noções de Gramática Histórica da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: J. R. de Oliveira, ([1930?] s/d.3.

Huber, Joseph. Gramática do Português Antigo. (Trad. port. do original alemão Altportugiesisches Elementarbuch). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, [1933] 1986.

Martins, Jaime de Sousa. Elementos de Gramática Histórica, São Paulo: Cia. Ed. Nacional, [s.d.] 19372.

Mota, Othoniel. O meu idioma. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, [1916] 19378.

Nunes, José Joaquim. Compêndio de Gramática Histórica Portuguesa (Fonética e Morfologia). Lisboa: Clássica, [1919] 19899.

Pereira, Eduardo Carlos. Gramática Histórica. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, [1916] 19359.

Reinhardstoettner, Carl von. Grammatik der Portugiesischen Sprache. Strassburg: Karl J. Trübner, 1878.

Sequeira, Francisco Júlio Martins. Gramática Histórica da Língua Portuguesa. Lisboa: Popular, [1938a] 19593.

Sequeira, Francisco Júlio Martins. Gramática de Português. Lisboa: Popular, 1938b.

Silva Jr., Manuel Pacheco da. Grammatica Historica da Lingua Portugueza. Rio de Janeiro: Typ. A Vapor de D. M. Hazlett, 1878.

Silva Jr., Manuel Pacheco da e Lameira de Andrade. Grammatica da Lingua Portugueza. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, [1887] 19134.

Vasconcellos, António Garcia Ribeiro. Gramática Histórica da Língua Portuguêsa. Paris/Lisboa: Aillaud/Alves; Rio de Janeiro/São Paulo/Belo Horizonte: Francisco Alves, 1900.

Vasconcellos, Carolina Michaëlis de. Lições de Filologia Portuguesa. Lisboa: Revista de Portugal / Dinalivro, [1946] s/d.

Vasconcellos, José Leite de. Lições de Filologia Portuguesa. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, [1911] 19593.






Anexo 2
– Áreas Disciplinares consignadas nas GHP
[1]


T. Braga (1876)


Fonol
Morf
(Flex+ FP)




Sint




Reinhardstoettner
(1878)
Fonét
Fonol
Flex


FP
Sint




M. P. Silva Jr. e L. Andrade ([1887] 19134)


Fonol
Morf
(Flex+ FP)




Sint
Sem
Léx
A. R. Vasconcellos
(1900)
Fonét


Morf (Léx+
Flex + FP)




Sint




Leite Vasconcellos
([1911] 19593)


Fonol




FP
Sint
Sem
Léx
E. C. Pereira
([1916] 19359)
Fonét
Fonol
Morf




Sint
(Flex)
Sem
Léx
(FP)
O. Mota
([1916] 19378)
Fonét
Fonol
Morf (Flex)


FP






J. J. Nunes
([1919] 19899)
Fonét


Morf
(Flex+ FP)










B. Horta
([1930?] s.d.3)
Fonét


Morf
(Flex+ FP)










M. Said Ali
([1931] 19643)
Fonét




Voc (Flex)
FP
Sint
Sem
Léx
J. Huber
([1933] 1986)
Fonét


Morf (Flex.)


FP
Sint




J. S. Martins
([s.d.] 19372)
Fonét


Morf
(Flex+ FP)










F. J. M. Sequeira
([1938a] 19593)
Fonét


Morf (Léx + Flex + FP)




Sint




F. J. M. Sequeira
(1938b)
Fonét


Morf (Léx + Flex + FP)




Sint




I. Coutinho
(1938)
Fonét


Morf (Flex)








Léx (FP)
C. M. Vasconcellos
([1946] s.d.)








FP


Sem
Léx
M. Câmara Jr.
(1975)


Fonol
Morf (Flex)




Sint
Sem
Léx (FP)







 



[1] Flex(ão), Fonét(ica), Fonol(ogia), FP (Formação de Palavras), Léx(ico), Morf(ologia), Sem(ântica), Sint(axe), Voc(ábulos).